Novo Ensino Médio: fique por dentro de tudo que mudou

O Novo Ensino Médio começou a ser implementado em 2022 e já chega repleto de desafios, especialmente em um período pós-pandemia e com problemas que se intensificaram neste período, como os altos índices de atraso e evasão escolar. 

Entretanto, o novo modelo promete facilitar alguns aspectos e já tem os seus referenciais curriculares aprovados e homologados para começar nas redes estaduais em diversos estados. Essa mudança será gradual e deve atingir todas as unidades escolares - públicas e privadas - até 2024.

Para você entender melhor todo esse panorama, trouxemos um guia com as respostas para as principais perguntas sobre o que mudou com o Novo Ensino Médio. Continue a leitura!

O que é o Novo Ensino Médio?

O Novo Ensino Médio é uma mudança no modelo atual de aprendizagem que irá permitir que o estudante opte por uma formação técnica e profissionalizante por áreas de conhecimento. 

No total, são 4 áreas de conhecimento para formação básica e 1 de formação técnica e profissional. No primeiro caso, a estrutura contempla até 1.800 horas de carga horária com competências ligadas a:

1. Matemáticas e suas Tecnologias; 

2. Linguagens e suas Tecnologias; 

3. Ciências da Natureza e suas Tecnologias; 

4. Ciências Humanas e Sociais Aplicadas.

Já para a formação técnica e profissional, o aluno terá 1.200 horas para se aprofundar em uma área técnica. São os chamados itinerários formativos.

Na prática, isso significa um aumento da carga horária de estudo (de 4 para 5 horas por dia), a adoção de uma Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e maior flexibilidade para os alunos escolherem sua área de formação. 

Também vale lembrar que nenhuma das disciplinas que já são abordadas atualmente em sala de aula serão removidas da grade curricular. No Novo Ensino Médio, as “matérias” que já temos familiaridade serão trabalhadas de maneira integrada e também haverá um sistema de créditos, que você pode entender melhor neste artigo. 

Como os itinerários formativos irão funcionar?

Contemplando 40% da nova grade curricular, os itinerários formativos são a parte flexível do currículo, no qual o estudante opta por se aprofundar em uma das áreas de conhecimento (as quatro listadas anteriormente) que tenha mais interesse. 

Essa escolha poderá ser feita a partir do segundo ano, sendo que o estudo de língua portuguesa e matemática continuam sendo obrigatórios durante os três anos. 

Outra opção é a escolha por ensino técnico ou um modelo integrado, que combine mais de uma área. Mas, para isso, a instituição de ensino terá que oferecer uma estrutura adequada para que o jovem consiga manter essa flexibilidade - um dos principais desafios da adoção do novo modelo de aprendizagem. 

Os estudantes que optarem pelo ensino técnico receberão um diploma extra, com formação técnica e profissionalizante, no intuito de facilitar a entrada deste jovem no mercado de trabalho.

Projeto de Vida também estará presente no Novo Ensino Médio

Outra grande mudança é a ampliação do Projeto de Vida, uma proposta que tem como objetivo a criação de vínculo de mentoria entre aluno e educador. Assim, o estudante poderá conversar sobre o seu futuro, seus sonhos, interesses e quais as formas possíveis de alcançá-los. 

Além da possibilidade de ajudar a reter a atenção do estudante na rotina de estudo, o Projeto de Vida também poderá auxiliar na escolha dos itinerários formativos. É uma forma interessante de orientação profissional e bastante necessária nesta faixa etária, na qual mais dúvidas do que certezas permeiam a mente dos jovens. 

Mas, as escolas é que irão definir como irão abordar o Projeto de Vida com os seus alunos. De acordo com a BNCC, a única regra obrigatória é que o projeto deverá se basear em três pilares:

• pessoal (estimular o autoconhecimento e ajudá-lo a identificar suas principais habilidades, interesses e dificuldades);
• social (incentivar a reflexão sobre sua relação interpessoal com familiares, colegas e  comunidade, abrindo espaço para que ele repense como pode ser um agente de mudança);
• profissional (ajudar o estudante a escolher qual itinerário formativo, se deseja fazer faculdade ou curso técnico e qual carreira irá seguir).

Neste ponto, pais e responsáveis devem estar atentos como a escola que escolheram para os seus filhos irão trabalhar o Projeto de Vida. 

O que muda em relação ao ENEM?

Como o novo modelo está sendo implementado de forma gradual, ainda não se sabe quais serão os impactos diretos na prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

Especialistas acreditam que somente a partir de 2024 - quando todas as instituições já estiverem com o Novo Ensino Médio em curso - é que poderão surgir mudanças efetivas na forma de aplicação e conteúdo da prova. 

Quais são os desafios da implementação do Novo Ensino Médio?

Existem diversas perguntas que ainda não têm resposta, enquanto as instituições - de fato - começarem a implementação efetiva do novo modelo. Mas, com certeza, a insegurança de pais e responsáveis será um dos desafios enfrentados pelas escolas. Isso porque nenhum deles vivenciou um modelo parecido e já estão acostumados com o sistema tradicional. 

Outro empecilho é a estrutura das escolas, que é bastante desigual no Brasil. Para que o Novo Ensino Médio tenha os resultados esperados, o Ministério da Educação precisa exercer um grande protagonismo para que o novo modelo de aprendizagem não aumente ainda mais a desigualdade social já existente em nosso país. 

Mesmo nas instituições públicas, há estados que terão maiores recursos financeiros que outros para implementar as mudanças necessárias na estrutura das escolas - especialmente no que diz respeito aos itinerários formativos. 

Outro ponto importante a se considerar é a capacitação dos professores, que deverão se adequar às mudanças do BNCC. As instituições com meios financeiros terão como oferecer uma formação adequada aos seus profissionais, enquanto outros terão que buscar esse conhecimento de forma individual.

Por isso, é indiscutível que essa transformação seja amplamente discutida entre gestores, coordenadores e professores para que as mudanças ocorram de forma positiva. 

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